Uma nova profissão que vem crescendo muito em Fortaleza proporciona sustento á várias famílias, retira grande parte de lixo das ruas, e ajuda a preservar o meio ambiente com o aumento da reciclagem de lixo.
A população de Fortaleza está crescendo, e com ela cresce também a quantidade de lixo produzido. A maioria das pessoas não tem ainda o costume de fazer em sua casa uma seleção dos materiais recicléveis do que não pode ser reaproveitável, e os orgãos públicos não se preocupam em orientar a população sobre a importância da separação do lixo. Um dos responsáveis por essa coleta seletiva são os catadores de lixo, aquelas pessoas que todos os dias passam recolhendo plásticos, papel, e outros materiais recicláveis na porta da sua casa. Porém, apesar da garimpagem feita pelos catadores, toneladas de lixo reaproveitável é depositado diariamente no aterro sanitário.
Com o surgimento dessa nova profissão de catador de lixo, várias pessoas conseguiram adquirir o sustento de suas famílias com material depositado nas ruas, porém, o número de pessoas que ganham a vida como catador cresceu desordenadamente, e a população passou a reclamar a insegurança de ter sempre alguém revirando o lixo de sua casa, deixando muitas vezes um odor desagradável devido o lixo rasgado.
Segundo pesquisa feita recentemente pelo Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos (Imparh), o perfil do catador de lixo é masculino, entre 18 e 25 anos de idade, com renda em média de R$ 60, natural de Fortaleza, não tendo terminado o Ensino Fundamental e que mora em uma casa com mulher e filhos, embora o casamento não seja oficial. Estima-se que tenha hoje cerca de 8 mil catadores na cidade, afirma Lídia valeska Pimentel, socióloga e coordenadora da pesquisa do Imparh. Já para a Associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) em 1994, 81 cidades brasileiras adotavam algum tipo de programa de coleta seletiva de lixo. Em 2006, este número quadruplicou. Apesar desse crescimento, o que se investe nessa profissão em uma cidade como Fortaleza, a quinta maior do Brasil ainda é cosiderádo pouco.
Antônio Espedito dos Santos tem 48 anos e é catador de lixo há 6. Com ele moram três filhos e sua companheira. Ele conta que começou a garimpar materiais recicláveis para ajudar no orçamento da família. Antes disso vendia objetos de madeira como cofres e carrinhos às pessoas nas ruas, mas nem sempre conseguia vender um número suficiente para sobreviver da renda. “Hoje apesar de ter que catar lixo de madrugada o que ganho dá pelo menos pra comer”. Diz o catador que todo dia espera o caminhão de lixo passar em frente a algumas residências no bairro da Parquelândia para que ele possa recolher o que for aproveitável. Com o trabalho de catador de lixo, Antônio deixou de vender cofres de madeira, e a família muitas vezes o ajuda a recolher o material reciclável encontrado nas ruas. Ele explica que nem todas as pessoas voltam pra casa após passar o dia nas ruas catando lixo, pois algumas moram no próprio Jangurussu.
Em julho de 2006 o aterro do jangurussu recebeu mudanças para adaptar melhor os dejetos depositados lá diariamente, e facilitar o trabalho dos catadores. Além dessas mudanças, foi dado inicio também ao projeto Coleta Seletiva com Inclusão Social dos catadores, onde os trabalhadores cadastrados podem levar o material coletado durante o dia para um galpão onde são seperados e selecionados. Lá os trabalhadores recebem luvas e capacete para dar-lhes mais segurança. O projeto inicialmente amparava catadores que são cadastrados em uma cooperativa existente dentro do jangurussu, mas já começa a se estender a novos trabalhadores.
Com o aumento do número de catadores, e o investimento e apoio dados a eles, valorizando um trabalho muito importante para o meio ambiente, estamos contribuindo com a melhoria de uma necessidade urgente, que é a preservação do lugar onde vivemos.